domingo, 24 de março de 2013

A Importância do Brincar segundo Wallon




Wallon – Infância e Ludicidade

Na concepção walloniana toda atividade da criança é lúdica que ela exerce por si mesma antes de integrar-se em um projeto de ação que a subordine e transforme o meio. As atividades surgem livres, exercendo-se pelo prazer de fazê-las, mas tendem ao aperfeiçoamento, tornando-as aptas a entrarem em cadeias mais complexas.
Para a criança de um ano o ato de andar é uma atividade-fim, que se exerce por si mesma, diferente do adulto que anda para algo. Este ato de andar, parar, cair, levantar, normal de uma criança desta idade, é uma atividade lúdica, criando a sua própria ludicidade sobre esta ação. Podemos dizer que toda a atividade motora é lúdica, pois a própria incontinência motora infantil transmite para nós adultos, uma certa alegria, bastando observar os gestos que as crianças fazem quando estão comendo, sendo gestos de expressão emocional: alegria, tristeza, excitação, etc. Cabe ao adulto respeitar a ludicidade da motricidade infantil.
A ludicidade também está presente no uso da linguagem, marcado pelo ritmo e a rima, sendo um grande estímulo poético:
Na chácara do Chico Bolacha, o que se procura nunca acha.
Para Kishimoto (2000), a brincadeira passa por uma evolução interligada aos aspectos do desenvolvimento infantil. O recém-nascido brinca com suas possibilidades sensoriais nascentes; brinca de gorjear, de olhar; as suas reações não passam de brincadeiras funcionais, criando uma sensação agradável. A criança busca recuperar estas sensações, tornando-se intenção, criando um círculo intenção – ato – efeito. Este círculo gera grande importância na atividade livre, estimulando cada vez mais a criança em busca do novo.
O mesmo processo lúdico se repete várias vezes no desenvolvimento infantil. O grafismo é outro exemplo do gesto em relação à intenção:
“A criança de três a quatro anos dirá que ainda não sabe o que está desenhando, porque ainda não acabou... o gesto-prazer, lúdico, transforma-se em gesto-trabalho, meio para realizar um designo”. (Kishimoto, 2000 pg 116).
Para Wallon, em educação é importante introduzir a cada nova atividade o lúdico, ou seja, a primeira etapa da atividade tem que ser em forma de brincadeira. Brincar livremente, manusear, antes de dar um caráter instrumental. Com a linguagem, ocorre o mesmo processo, utilizando a melodia. Brincar com linguagem, com o gesto, para posteriormente usá-los intencionalmente.
Entre um e três anos, a criança tem “fome de espaço explorável” para permitir os avanços da autonomia motora. Brincar de andar, pular, subir, descer, pôr, tirar, empilhar, derrubar, etc., não tendo limites para o espaço. É necessário educar a criança para brincar no espaço adequado, o “espaço brincável”.
No estágio personalista, segundo a teoria de Wallon, a criança brinca de dançar, brinca de pintar, brinca de ouvir histórias sobre si mesma. Nesta fase, brincar se aproxima com fazer arte e, segundo Kishimoto (2000), reforça a idéia de arte como forma do adulto expressar o lúdico, mantendo a liberdade, antes reprimida. Educar, neste período é sugestivo, conciliar com a própria natureza artística como música, pintura, escultura, dança, poesia, narrativa, teatro, etc.

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